No programa de debates do Espaço Central foi atribuída grande importância à crise actual do sistema capitalista, ao papel do sector financeiro e à luta por uma alternativa que rompa com a apropriação por uns poucos da riqueza produzida por milhões.
A natureza exploradora e predadora do capitalismo e as consequências devastadoras do esbulho dos povos pelos EUA e outras potências dominantes abriram a intervenção de Francisco Lopes, da Comissão Política e do Secretariado do Comité Central, no debate de sábado à tarde, no Fórum, sobre «Crise do capitalismo, agravamento da exploração e direitos dos trabalhadores». Jaime Toga, da Comissão Política, evidenciou o contraste gritante nesta crise: acumulação de lucros escandalosos e redução por todas as vias do rendimento dos trabalhadores. Jorge Machado, deputado, recordou como o Parlamento tem sido usado para desequilibrar a relação de forças no terreno e como sucessivas alterações da legislação laboral têm esbarrado na luta dos trabalhadores. Filipa Costa, da Direcção Nacional da JCP, enfatizou o valor da luta, da resistência e das vitórias alcançadas, num momento em que aos jovens impõem o medo e o trabalho sem direitos. Armando Farias, da Comissão Executiva da CGTP-IN, focou-se na ofensiva contra a contratação colectiva, que tem por objectivo repor o poder patronal ao nível de há várias décadas e destruir o muito que foi conquistado com o 25 de Abril.
No debate de domingo à tarde, sobre «A dívida, o Euro, a banca e a defesa dos interesses nacionais», foi salientado o papel da moeda única como instrumento do capital europeu e parte de uma política que levou a dívida pública a uma dimensão colossal, alimentando o reforço das posições do sector financeiro. Paulo Sá, deputado na AR, considerou mistificação o «desafio» da ministra das Finanças para um debate sobre a dívida, já que o Governo se negou a essa discussão desde a primeira vez que o PCP a propôs, em Junho de 2011. João Ferreira, do Comité Central e deputado no PE, sublinhou que não faz sentido falar em renegociar a dívida para não sair do Euro, uma vez que aquela é inseparável da decisão de amarrar Portugal à moeda única. Agostinho Lopes, do Comité Central e responsável pela Comissão do CC para os Assuntos Económicos, apontou o papel central da banca no endividamento do Estado, das empresas e das famílias. Vasco Cardoso, da Comissão Política do CC, rejeitou os apelos ao consenso em torno dos interesses do capital e apontou questões concretas que permanecem sem resposta na grande operação para entronizar um novo líder no PS e apresentá-lo como alternativa.
Os reflexos da crise na saída do País de centenas de milhares de portugueses, nos anos mais recentes, foram tema para conversa no debate sobre «Emigração e novos emigrantes», no Auditório, sexta-feira à noite, com Rosa Rabiais, do Comité Central, Manuel Beja, da organização do PCP na emigração e conselheiro das comunidades portuguesas na Suíça, e João Ramos, deputado na AR.